Com a promessa de resultados rápidos e fáceis, os suplementos para emagrecer ganham cada vez mais espaço nas prateleiras, nas redes sociais e nas propagandas. Cápsulas que “secam gordura”, pós que “aceleram o metabolismo” e shakes que “substituem refeições” são vendidos como soluções mágicas para quem quer perder peso — especialmente para o público feminino, que muitas vezes se sente pressionado a emagrecer rápido.
Mas será que esses suplementos funcionam mesmo? Eles são seguros? Quando vale a pena usar? Neste artigo, vamos separar mitos de verdades e entender o que a ciência realmente diz sobre os suplementos para emagrecer, quais tipos existem, quando podem ser úteis e por que, na maioria das vezes, não são a solução definitiva que prometem.
1. O que são suplementos para emagrecer?
São produtos em cápsulas, comprimidos, pós ou líquidos que prometem ajudar na perda de peso por meio de diferentes mecanismos, como:
- Supressão do apetite
- Aceleração do metabolismo
- Redução da absorção de gordura
- Aumento da queima de calorias
- Efeito diurético (eliminação de líquidos)
Eles podem conter substâncias isoladas (como cafeína, sinefrina, cromo) ou combinações de compostos naturais e sintéticos. Alguns são vendidos sem prescrição médica, outros exigem acompanhamento profissional.
É importante entender que suplemento não é sinônimo de medicamento, mas também não é inofensivo. E que o termo “natural” não significa que seja seguro para todo mundo ou sem efeitos colaterais.
2. Quais são os principais tipos de suplementos usados para emagrecer?
2.1 Termogênicos
Aceleram o metabolismo e aumentam a temperatura corporal, promovendo maior gasto energético. Contêm substâncias como:
- Cafeína
- Chá verde (EGCG)
- Guaraná
- Pimenta caiena
- Sinefrina (laranja amarga)
Possíveis efeitos: aumento da energia, melhora do foco, leve aumento no gasto calórico.
Riscos: insônia, irritabilidade, taquicardia, ansiedade, sudorese excessiva, elevação da pressão arterial.
Veredito: podem ajudar levemente na queima de gordura se combinados com alimentação e treino, mas não substituem bons hábitos. Contraindicados para quem tem problemas cardíacos, ansiedade ou hipertensão.
2.2 Inibidores de apetite
Agem reduzindo a fome ou prolongando a saciedade. Alguns suplementos alegam ter esse efeito por conter:
- Fibras solúveis (psyllium, glucomanano)
- Cromo
- 5-HTP (precursor da serotonina)
- Proteínas isoladas
Possíveis efeitos: sensação de estômago mais cheio, menor desejo por doces, menor ingestão calórica.
Riscos: desconforto intestinal, gases, constipação, interação com medicamentos antidepressivos (no caso do 5-HTP).
Veredito: fibras podem ser úteis, mas o controle da fome deve ser feito com refeições nutritivas e estruturadas. Inibidores mais fortes só devem ser usados com prescrição médica.
2.3 Bloqueadores de gordura e carboidrato
Prometem reduzir a absorção de parte das gorduras ou carboidratos ingeridos. Costumam conter:
- Quitosana (fibra derivada de crustáceos)
- Faseolamina (extraída do feijão branco)
Possíveis efeitos: menor absorção de gordura ou amido.
Riscos: diarreia, flatulência, má absorção de nutrientes lipossolúveis (como vitaminas A, D, E e K), alergias (no caso da quitosana).
Veredito: efeitos modestos, com riscos que podem superar os benefícios. A base da alimentação deve ser o foco, e não o bloqueio de nutrientes.
2.4 Diuréticos naturais
Ajudam a eliminar líquidos, dando a falsa sensação de emagrecimento rápido. Encontrados em:
- Chá de hibisco
- Cavalinha
- Dente-de-leão
- Cafeína
Possíveis efeitos: redução de inchaço, peso na balança cai rapidamente.
Riscos: desidratação, perda de eletrólitos, cãibras, tontura.
Veredito: podem ser úteis para momentos de retenção hídrica, mas não promovem perda de gordura. Não devem ser usados de forma contínua.
2.5 Substitutos de refeição (shakes, sopas)
Produtos industrializados que oferecem uma refeição com quantidade controlada de calorias e nutrientes.
Possíveis efeitos: praticidade, redução calórica.
Riscos: baixo valor nutricional, fome logo após, dependência, efeito sanfona.
Veredito: podem ser usados pontualmente, mas não ensinam a pessoa a comer de verdade. A longo prazo, podem dificultar a adesão a uma alimentação equilibrada.
3. Suplementos que ajudam indiretamente no emagrecimento
Alguns suplementos não têm como objetivo principal a perda de peso, mas podem contribuir indiretamente:
- Ômega-3: tem ação anti-inflamatória e pode melhorar a sensibilidade à insulina.
- Magnésio: ajuda na qualidade do sono, no controle do estresse e na regulação hormonal.
- Vitamina D: níveis baixos estão associados ao acúmulo de gordura.
- Probióticos: promovem equilíbrio da microbiota intestinal, o que impacta na saciedade e no metabolismo.
Esses suplementos só devem ser usados com orientação profissional, após avaliação de exames e sintomas.
4. O que a ciência diz sobre suplementos para emagrecer?
Estudos científicos sérios mostram que a maioria dos suplementos para perda de peso tem efeitos modestos, transitórios e muitas vezes irrelevantes a longo prazo, especialmente se usados isoladamente, sem mudança de hábitos.
Alguns efeitos positivos observados em pesquisas envolvem:
- Aumento do gasto calórico de cerca de 50 a 100 calorias por dia com termogênicos
- Redução do apetite com fibras solúveis
- Menor absorção de gordura com bloqueadores (mas com efeitos colaterais)
Nada disso substitui o impacto de uma boa alimentação, exercícios regulares, sono de qualidade e controle emocional.
5. Quando vale a pena considerar o uso?
Um suplemento pode fazer sentido quando:
- Há uma deficiência nutricional confirmada por exames
- A pessoa está com dificuldades específicas (excesso de fome, compulsão, estagnação)
- Existe o acompanhamento de um profissional qualificado
- O suplemento é um coadjuvante, e não o protagonista
Ele pode acelerar levemente o processo, mas não vai resolver um problema causado por má alimentação, sedentarismo ou excesso de estresse.
6. Os riscos do uso indiscriminado
Além de ineficazes, muitos suplementos vendidos em lojas online ou redes sociais podem conter substâncias perigosas, como:
- Anfetaminas disfarçadas
- Substâncias não regulamentadas
- Contaminação cruzada
- Doses elevadas de estimulantes
Isso pode causar:
- Crises de ansiedade
- Palpitações e taquicardia
- Insônia severa
- Danos ao fígado e rins
- Dependência psicológica
Sempre verifique se o produto tem registro na Anvisa, leia os rótulos com atenção e evite fórmulas mágicas vendidas como “emagrecedores naturais”.
Conclusão
Suplementos para emagrecer podem até oferecer algum suporte, mas não são soluções mágicas. A perda de peso real, duradoura e saudável depende de um conjunto de fatores: alimentação equilibrada, atividade física regular, sono de qualidade, equilíbrio emocional e paciência.
Se você está considerando o uso de algum suplemento, o melhor caminho é conversar com um nutricionista de confiança, avaliar sua real necessidade e entender que o suplemento, no máximo, ajuda a pavimentar o caminho — mas não faz o caminho por você.