“Você vai comer isso mesmo?”
“Mas nem parece que você está fazendo dieta…”
“Engordou um pouquinho, né?”
“Assim não vai emagrecer nunca!”
Se você já ouviu algo parecido, respira fundo. Infelizmente, comentários sobre o corpo e a alimentação das mulheres ainda são socialmente aceitos, normalizados e muitas vezes mascarados de ‘preocupação’ ou ‘brincadeira’. Mas a verdade é que eles são invasivos, desrespeitosos — e, sim, tóxicos.
Lidar com esse tipo de comentário pode ser difícil, especialmente quando vêm de pessoas próximas. Por isso, neste artigo vamos conversar sobre como reconhecer, se proteger e responder a essas situações de forma firme, mas com autocuidado e respeito a si mesma.
1. Por que as pessoas comentam sobre o corpo e a alimentação dos outros?
Em muitos casos, quem comenta está projetando suas próprias inseguranças ou crenças ultrapassadas. Outras vezes, é pura curiosidade sem filtro, ou até uma tentativa (mal disfarçada) de se sentir superior.
Motivações mais comuns:
- Falta de consciência (não sabem que estão sendo invasivos)
- Necessidade de controle (especialmente familiares)
- Comparações constantes (com a própria imagem ou com padrões irreais)
- Pressão estética internalizada
- Inveja disfarçada de “conselho”
Importante: nada disso justifica o comentário. Mas entender a origem ajuda a tirar o peso da culpa de quem ouve.
2. Comentários tóxicos: como identificar?
Nem sempre o comentário vem com má intenção. Mas, se ele causa desconforto, dor ou te faz duvidar de si, é sinal de que invadiu um limite seu.
Sinais de comentários tóxicos:
- Julgam seu corpo (“você está gorda demais”, “assim não vai arrumar ninguém”)
- Censuram suas escolhas alimentares (“vai comer tudo isso?”, “isso não engorda?”)
- Disfarçam julgamento com “preocupação” (“é para o seu bem”, “só estou tentando ajudar”)
- São comparativos (“fulana emagreceu bem mais rápido que você”)
Você não precisa aceitar isso como normal.
3. Como esses comentários afetam seu processo?
- Geram culpa e vergonha corporal
- Desencadeiam compulsões alimentares ou restrições extremas
- Derrubam a motivação
- Distorcem sua percepção corporal
- Criam ansiedade social e medo de comer perto dos outros
Ou seja, além de desnecessários, esses comentários podem comprometer sua saúde emocional e seus resultados.
4. Como responder (ou não) aos comentários tóxicos
Você tem total direito de não responder, se afastar ou mudar de assunto. Mas, se quiser se posicionar, aqui vão algumas respostas que unem firmeza e autocuidado:
Para quem critica seu corpo:
- “Meu corpo não é assunto público.”
- “Prefiro que você não comente sobre minha aparência.”
- “Estou cuidando de mim do meu jeito. Comentários assim não ajudam.”
Para quem julga sua alimentação:
- “O que eu como é uma escolha minha. Está tudo bem.”
- “Estou aprendendo a ouvir meu corpo, e não opiniões alheias.”
- “Se for para ajudar, prefiro incentivo e respeito.”
Para “brincadeiras” disfarçadas:
- “Isso não tem graça para mim. Prefiro que a gente mude de assunto.”
- “Brincadeiras com meu corpo não são bem-vindas.”
Dica: você não precisa justificar nada. Um “não gostei desse comentário” já é o suficiente.
5. Como se proteger emocionalmente
1. Fortaleça seu senso de valor
Seu valor não está no seu peso, no tamanho da sua calça ou no que você come. Quanto mais você reconhece isso internamente, menos os comentários externos têm poder.
2. Filtre a fonte
Considere:
- Essa pessoa cuida da própria saúde?
- Ela te apoia ou te julga em outras áreas?
- Esse comentário é sobre mim — ou sobre ela?
Às vezes, quem mais fala é quem menos sabe.
3. Crie um “escudo mental”
Antes de eventos sociais ou refeições em grupo, prepare-se:
- “Hoje, se comentarem sobre meu corpo, vou respirar fundo e lembrar que estou no meu caminho.”
- “Não é sobre mim. É sobre a visão limitada do outro.”
- “Minha saúde é mais importante que a aprovação dos outros.”
4. Cerque-se de apoio real
Esteja perto de pessoas que:
- Te incentivam sem te pressionar
- Te elogiam além da aparência
- Respeitam suas escolhas, mesmo quando são diferentes
E se for necessário, crie distância emocional de quem te sabota, mesmo que sejam familiares. Você pode amar alguém e ainda assim proteger seus limites.
6. E quando o comentário vem de dentro?
Às vezes, o pior julgamento vem de nós mesmas:
- “Você não tem força de vontade.”
- “Assim nunca vai conseguir.”
- “Você é um fracasso.”
Esses pensamentos também são tóxicos. E precisam ser substituídos por falas mais gentis e realistas:
- “Estou aprendendo, não preciso ser perfeita.”
- “Meu corpo merece respeito agora, não só quando atingir um peso ideal.”
- “Um passo de cada vez é melhor do que parar por medo.”
Praticar o diálogo interno positivo é parte essencial do emagrecimento saudável.
Conclusão
Proteger sua saúde emocional é tão importante quanto cuidar da alimentação e do treino. Comentários tóxicos sobre seu corpo e sua alimentação não devem ser normalizados. Você tem o direito de colocar limites, de se afastar do que te faz mal e de seguir seu processo com leveza, firmeza e autonomia.
Em vez de calar para agradar, escolha se acolher. Seu corpo é seu. Sua jornada é sua. E ninguém tem o direito de ditar como ela deve ser.